Marcha de servidores federais em Brasília mostra insatisfação com descaso do governo

Quinta-feira, 8 de Maio de 2014.

Eduardo Wendhausen Ramos
Fotos de Joana D’Arc
Fenajufe


Em continuidade à campanha salarial 2014, servidores públicos federais realizaram manifestações em Brasília nesta quarta-feira (07/05). Concentrados desde as 9 horas nas imediações da catedral, servidores de todo o Brasil marcharam até o Ministério do Planejamento, às 11 horas, onde se juntaram a um grande grupo de servidores da educação, principalmente os técnico-administrativos das universidades e servidores das escolas federais, que já estão em greve nacional. Eles estavam no local desde as 5 horas da manhã, quando fecharam todas as entradas do Ministério, fazendo com que o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, recebesse uma comissão representativa da Fasubra e do Sinasefe. Isso ocorreu depois que, no dia anterior, o ministro da Educação, José Henrique Paim, havia se negado a receber os manifestantes.

Em frente ao Ministério do Planejamento, entidades nacionais de SPFs fizeram uso da palavra no caminhão de som da organização do ato. Pela Fenajufe, falou o coordenador geral, Cledo Vieira. Ele criticou a intransigência do governo Dilma, que teima em não negociar com os servidores, e a demora do STF em julgar o direito do servidor à data-base. Segundo Cledo, “é evidente que o ministro Teori  Zavascki obedeceu uma ordem do Palácio do Planalto ao pedir vista no julgamento do processo da data-base”. Ele foi enfático ao afirmar que “se [o governo] não negociar, o Judiciário vai parar”. Participaram também da atividade os coordenadores da Fenajufe, Edmilton Gomes, Eugênia Lacerda e Roberto Ponciano, além de representantes de sindicatos da base da Federação.  

Depois da reunião com Sérgio Mendonça, a comissão informou aos demais manifestantes que o governo afirmou que não há margem para negociar. Pressionado, Mendonça então disse que, no prazo de até 15 dias, vai apresentar nova resposta sobre a possibilidade ou não de haver alguma margem de negociação. Já passava um pouco das 13 horas quando os mais de 3 mil servidores federais concluíram a marcha, após caminharem do Bloco C da Esplanada dos Ministérios (Planejamento) até o acampamento montado pela Fasubra, no canteiro central da Esplanada, em frente ao Museu da República. 

Plenária Nacional do Fórum de Entidades

À tarde foi realizada uma Plenária Nacional do Fórum de Entidades dos SPFs, que começou com informes das entidades nacionais. Além das bases da Fasubra e do Sinasefe, que estão em greve, respectivamente, desde 17 de março e 21 de abril, os professores das instituições de ensino superior marcaram paralisação de 24 horas para o dia 21 de maio e plenária no final de semana seguinte para avaliar a possível adesão à greve. Os servidores da Cultura preveem o início da greve para o próximo dia 12 e os do INSS e da saúde planejam parar por 24 horas no dia 15.


Pela Fenajufe, falou o dirigente do Sindjufe/BA, Lourival Matos, que informou sobre as deliberações da última reunião ampliada da entidade, ocorrida no dia 20 de março, quando foi aprovado um calendário extenso com rodadas de assembleias, ato nacional no STF e indicativo para as assembleias de base do inicio da greve por tempo indeterminado para o dia 29 de abril. Ele disse que, dos 31 sindicatos filiados à Fenajufe, dois (BA e MT) iniciaram a greve no dia 29 e um (MS) no dia 5 de maio. Vários outros sindicatos (RS, DF, AL, RJ, SP, SC, RO, GO, MG, PI, MA e SE) estão fazendo paralisações parciais, assembleias, reuniões por local de trabalho, atos, entre outros, com o intuito de intensificar a mobilização e ter condições de deflagrar a greve. Informou ainda que, no próximo sábado (10/05), os servidores do Judiciário Federal e MPU farão nova reunião ampliada para, entre outras coisas, avaliar o movimento e definir o calendário para o próximo período. Além disso, mencionou a instalação da mesa de negociação com o STF e tribunais superiores, prevista para o dia 9 deste mês, quando os representantes dos servidores pretendem marcar posição contrária da Fenajufe em relação às carreiras próprias nos tribunais superiores, à PEC 59/13 (estatuto do servidor do Judiciário) e a qualquer proposta de gratificação de desempenho. Para concluir, Lourival disse que no dia 9 também acontecerá uma reunião do GT Nacional de Carreira da Fenajufe.

Após os informes, foi aberto espaço para manifestações individuais de servidores. Ao final, a Plenária aprovou orientação às entidades para que fortaleçam o processo de construção da greve e definiu o seguinte calendário:

15/05 – Manifestações contra desocupações da Copa do Mundo e criminalização dos movimentos;

20/05 – Reunião do Fórum das Entidades dos SPFs;

12/06 – Dia Nacional de luta contra os desmandos da Copa do Mundo (data da primeira partida da seleção brasileira).Marcha de servidores federais em Brasília mostra insatisfação com descaso do governo