Oficial de Justiça é morta no cumprimento de mandado

24.4.2009-Fonte: FENASSOJAF

Guilherme Russo – Fonte: do Agora/SP

A oficial de Justiça Sandra Regina Ferreira Smaniotto, 48 anos, foi assassinada com nove tiros pouco após as 10h de ontem, na avenida Manoel de Siqueira, na região de Guarapiranga [zona sul]. Assassino confesso, o ajudante-geral Reinaldo do Carmo Guerreiro, 31 anos, foi preso em flagrante pouco após o crime.

Sandra ia cumprir um mandado de busca e apreensão de uma moto que Guerreiro contou ter comprado em junho do ano passado. Ele afirmou que havia pago apenas as três primeiras prestações do veículo, comprado em 48 parcelas, e que a oficial de justiça teria tentado extorquir R$ 1.500 para esquecer a dívida do ajudante-geral e não levar embora a moto.

Guerreiro disse, entretanto, que não foi por este motivo que ele matou Sandra. ‘Foi pelo jeito que ela falou comigo. Eu tinha dito que não tinha arrumado o dinheiro, e ela começou a me xingar. Falou umas palavras…’, afirmou o preso no 92º DP [Parque Santo Antônio], onde o caso foi registrado.

O ajudante contou ainda que recebeu dois telefonemas da oficial de Justiça: um no último domingo e outro anteontem. Nas chamadas, ainda de acordo com o acusado, ela teria exigido o dinheiro. Um encontro então foi marcado na manhã de ontem.

Guerreiro contou que Sandra parou seu Scenic na frente da casa onde ele vivia com a mãe e o filho de nove anos e que foi falar com ela. Ele falou que ficou bravo ao ser maltratado pela vítima e que, dizendo para ela que iria pegar uns documentos, ‘trouxe o revólver’. De acordo com o preso, Sandra perguntou se ele já tinha o dinheiro. ‘Eu disse que não e descarreguei o revólver nela’, contou.

Primeiro, foram dados cinco tiros pelo vidro da frente do veículo. Guerreiro explicou que recarregou a arma e atirou outras quatro vezes pela janela do motorista. O ajudante não fugiu nem resistiu à prisão.

‘Nem pensei nisso [em fugir]. Desci para a outra rua e, quando subi, dei de cara com o carro da polícia’, conta. O ajudante afirmou ainda que deixou o revólver calibre 38 que usou para dar os disparos dentro do carro da oficial de Justiça. A arma, porém, não foi localizada pela polícia.

O assassinato foi presenciado pela mãe de Guerreiro, que voltava para casa naquele momento. ‘Eu não tinha percebido que ela estava vindo’, disse Guerreiro.

Escrivã chefe da 3ª Vara Civel do Fórum Regional de Santo Amaro, onde Sandra trabalhava há 22 anos, Ana Lúcia Alicke negou que sua colega estivesse fazendo algo irregular, mas diz que, normalmente, os oficiais são acompanhados por um fiel depositário [pessoa que toma conta do bem apreendido até que haja uma decisão final da Justiça] quando vão cumprir mandados de busca e apreensão. ‘Ela devia ter pedido um auxílio da polícia’, opinou o delegado Carlos Alberto Delaye Carvalho, que autuou Guerreiro por homicídio qualificado.

Porém, Ana Lúcia explicou que cabe ao oficial de Justiça decidir pedir ajuda da polícia ou não quando vai cumprir um mandado ou entregar uma intimação. Ex-presidiário, Guerreiro já tinha duas passagens por roubo e uma por extorsão. Ficou preso por oito anos e deixou a cadeia em 2005, de acordo com a polícia.