JANEIRO BRANCO: PSICÓLOGO CONVENIADO DA AGEPOLJUS CHAMA A ATENÇÃO PARA O CUIDADO COM A SAÚDE MENTAL NO DIA A DIA DA POLÍCIA JUDICIAL

O mês de janeiro é dedicado aos alertas para a importância do autocuidado com a saúde mental. Assim como o Setembro Amarelo, Outubro Rosa e Novembro Azul, a campanha Janeiro Branco tem como foco chamar a atenção para a ajuda constante de preservação da saúde psíquica.
O tema tem sido recorrente em normativos implementados pelo Poder Judiciário, como a Resolução nº 207/2015 do Conselho Nacional de Justiça, que trata da Política de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores, cujas patologias como depressão e ansiedade são pioneiras entre servidoras e servidores. Acesse aqui a página do CNJ e veja todas as notícias do Judiciário, portarias e resoluções sobre o assunto
A atual gestão da AGEPOLJUS se preocupa com a saúde mental dos Agentes da Polícia Judicial e, desde 2024, tem atuado para amenizar a sobrecarga de trabalho e pressão constantes em todo o Judiciário, em uma tentativa de manter a saúde física e psíquica dos Policiais Judiciais em todo o Brasil.
Em atenção e integrada à Campanha Janeiro Branco, a Associação Nacional conversou com o psicólogo conveniado da AGEPOLJUS, Davi Cavazotti, que, em entrevista à assessoria de imprensa, fala sobre a importância de se manter procedimentos diários para uma saúde mental efetiva. De acordo com ele, a atenção e cuidados com a mente não podem se limitar a um único mês. “O trabalho e o incentivo, tanto por parte das empresas e entidades, como pela mídia em um modo geral, devem ser contínuos para que se obtenham resultados positivos e constantes”.
Confira abaixo a entrevista com o psicólogo:
AGEPOLJUS: Qual é a importância da Campanha Janeiro Branco?
Psicólogo Davi Cavazotti: A Campanha Janeiro Branco é uma iniciativa crucial para a promoção da saúde mental no Brasil. Ela tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância de cuidar da saúde emocional e psicológica. Ao longo de janeiro, a campanha busca combater o estigma em torno dos transtornos mentais, como ansiedade e depressão, encorajando as pessoas a procurarem ajuda sem medo de serem julgadas.
Além disso, a campanha destaca a importância da saúde mental no ambiente de trabalho, tanto para funcionários do setor público quanto do setor privado. Incentivando a autoavaliação e o cuidado com as emoções, a Campanha Janeiro Branco ajuda a prevenir o agravamento de transtornos que poderiam ser tratados precocemente. A iniciativa promove a criação de ambientes de trabalho mais saudáveis e acolhedores, contribuindo para o aumento da produtividade e a satisfação dos empregados.
O mês de janeiro foi escolhido simbolicamente, pois representa um período de renovação e novos começos, incentivando a reflexão sobre a vida e a priorização da saúde mental. Mas a campanha não pode se limitar a um único mês; o trabalho e o incentivo tanto por parte das empresas e entidades, como pela mídia em um modo geral, devem ser contínuos para que se obtenham resultados positivos e constantes.
AGEPOLJUS – Pesquisas realizadas pelo CNJ e outras instituições mostram que aproximadamente 50% dos servidores de todo o Poder Judiciário sofre com cansaço mental, ansiedade e depressão. Existe alguma maneira de combater esses altos índices entre os servidores?
Psicólogo Davi Cavazotti: Para combater os altos índices de cansaço mental, ansiedade e depressão entre os servidores do Poder Judiciário, é fundamental implementar uma série de medidas que promovam a saúde mental e o bem-estar no ambiente de trabalho. Primeiramente, é essencial oferecer programas de apoio psicológico e terapias, como sessões de aconselhamento e grupos de apoio, para que os servidores possam lidar melhor com o estresse e as pressões do trabalho. Além disso, promover a prática de atividades físicas regulares e a adoção de hábitos de vida saudáveis pode contribuir significativamente para a redução dos níveis de ansiedade e depressão. Outra medida importante é a criação de um ambiente de trabalho mais acolhedor e menos estressante, com a implementação de políticas que incentivem a flexibilidade de horários e a redução da carga de trabalho excessiva. Também é crucial realizar campanhas de conscientização sobre a importância da saúde mental e oferecer treinamentos para que os gestores possam identificar e apoiar os servidores que estejam enfrentando dificuldades. Por fim, é necessário garantir que os servidores tenham acesso a recursos e informações sobre saúde mental, para que possam buscar ajuda sempre que necessário. Além disso, ter um alto conhecimento sobre suas próprias emoções e ser capaz de nomeá-las pode ajudar significativamente a entender e gerenciar melhor muitas situações. Quando os servidores conseguem reconhecer e expressar suas emoções de maneira adequada, isso contribui para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
AGEPOLJUS: A que você atribui essas patologias no quadro do Poder Judiciário?
Psicólogo Davi Cavazotti: As patologias de cansaço mental, ansiedade e depressão entre os servidores do Poder Judiciário podem ser atribuídas a uma combinação de fatores, conforme dados e relatórios do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Entre os principais fatores estão a alta carga de trabalho, a pressão para cumprir prazos rigorosos e a falta de recursos adequados para lidar com o estresse. Além disso, a falta de apoio psicológico e a ausência de políticas de saúde mental eficazes contribuem para o agravamento dessas condições.
O relatório “Saúde de Magistrados e Servidores” da CNJ destaca que a implementação de programas de apoio psicológico e a promoção de um ambiente de trabalho mais saudável são essenciais para combater essas patologias. A resolução CNJ nº 207/2015 instituiu a Política de Atenção Integral à Saúde de Magistrados e Servidores, que visa zelar pelas condições de saúde física e mental dos servidores do Poder Judiciário.
Em suma, a combinação de fatores como a alta carga de trabalho, a falta de apoio psicológico e a ausência de políticas eficazes de saúde mental são responsáveis pelas altas taxas de cansaço mental, ansiedade e depressão entre os servidores do Poder Judiciário, conforme dados e relatórios do CNJ.
AGEPOLJUS: O risco de quadros depressivos e de transtornos de ansiedade é maior entre os Policiais Judiciais. Por quê?
Psicólogo Davi Cavazotti: O risco de quadros depressivos e transtornos de ansiedade é maior entre os Policiais Judiciais devido a uma combinação de fatores específicos relacionados ao ambiente de trabalho e às demandas emocionais dessa profissão.
Primeiramente, a natureza do trabalho policial envolve exposição constante a situações de risco e perigo, o que pode levar ao desenvolvimento de traumas relacionados ao trabalho. Além disso, a necessidade de tomar decisões rápidas e críticas em situações de alta tensão contribui para o aumento do estresse ocupacional.
Outro fator importante é a carga horária extenuante e a rotatividade frequente de turnos, que podem prejudicar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, agravando os sintomas de ansiedade e depressão.
A falta de acesso a serviços de apoio psicológico adequados e a estigmatização do apoio psicológico também são barreiras significativas para a busca de ajuda por parte dos Policiais Judiciais.
De acordo com uma revisão integrativa sobre a saúde mental dos policiais militares, a prevalência de ansiedade e depressão é alta, e a falta de intervenções eficazes para mitigar esses fatores de risco agrava ainda mais a situação.
Portanto, é crucial implementar programas de bem-estar, treinamento em resiliência e acesso a serviços de saúde mental para ajudar a reduzir esses riscos e melhorar a qualidade de vida dos Policiais Judiciais.
AGEPOLJUS: O que o Agente da Polícia Judicial pode fazer ao perceber os primeiros sintomas?
Psicólogo Davi Cavazotti: Ao perceber os primeiros sintomas de cansaço mental, ansiedade ou depressão, o Agente da Polícia Judicial pode tomar várias medidas importantes para cuidar da sua saúde mental. Primeiramente, é essencial que ele reconheça e aceite esses sintomas como um sinal de que precisa buscar ajuda.
Uma das primeiras ações deve ser procurar apoio psicológico. Muitos locais de trabalho oferecem programas de apoio confidenciais, e é importante que o agente faça uso desses recursos. Além disso, conversar com um colega de confiança ou um superior também pode ser útil para encontrar suporte no ambiente de trabalho.
Outro passo importante é fazer pausas regulares durante o expediente. Pequenos intervalos ao longo do dia podem ajudar a reduzir o estresse e melhorar a concentração e o bem-estar geral. O agente também deve tentar incorporar práticas de relaxamento em sua rotina, como exercícios de respiração, meditação ou atividades físicas, que são eficazes na redução da ansiedade.
É crucial que o agente mantenha um estilo de vida saudável fora do trabalho. Isso inclui dormir bem, manter uma dieta equilibrada e evitar o consumo excessivo de álcool e cafeína, que podem agravar os sintomas de ansiedade e depressão.
Por fim, se os sintomas persistirem ou piorarem, é fundamental procurar a ajuda de um profissional de saúde mental. Um psicólogo ou psiquiatra pode fornecer o apoio necessário e desenvolver um plano de tratamento adequado para as necessidades do agente.
AGEPOLJUS: Familiares e colegas de trabalho também podem ajudar na saúde mental desse servidor? Como?
Psicólogo Davi Cavazotti: Familiares e colegas de trabalho são essenciais para a saúde mental dos servidores. Os familiares podem oferecer apoio emocional, escuta ativa e incentivar atividades de lazer, além de apoiar na busca por ajuda profissional. Já os colegas de trabalho podem criar um ambiente acolhedor, auxiliar nas tarefas diárias e participar de treinamentos sobre saúde mental para melhor identificar e apoiar colegas em dificuldades. A combinação desses suportes promove um ambiente mais saudável e produtivo, ajudando os servidores a lidar com o cansaço mental, ansiedade e depressão.
No entanto, a verdadeira ajuda começa com o próprio indivíduo. É importante que o servidor reconheça os sinais de alerta em si mesmo e esteja disposto a buscar e aceitar ajuda. Práticas de autocuidado, como a adoção de hábitos saudáveis, a prática de atividades físicas e o desenvolvimento de técnicas de gerenciamento do estresse, são fundamentais. Além disso, a busca por terapia cognitiva comportamental (TCC) pode proporcionar ferramentas valiosas para lidar com pensamentos negativos e emoções difíceis. O engajamento ativo do indivíduo em seu próprio processo de cura é essencial para alcançar um bem-estar duradouro.
Da assessoria de imprensa, Caroline P. Colombo